quinta-feira, 22 de julho de 2010

Art política 3

Como alguém com medo pode ir à arena, à praça pública e enfrentar a polis? Bem, é mais fácil que enfrentar o espelho ou o futuro, o destino e a verdade.

Pode ser que o palhaço no picadeiro não saiba de outra coisa além de fanfarras e gargalhadas.

E no oitavo dia deus criou o circo!

Art política 2

Ao fim de cada eleição me recolhia envergonhado de mais uma vez ter deixado de fazer alguma coisa a mais, um engajamento, uma participação, uma ousadia, de não ter feito nada.

O que silenciou ou emudeceu os intelectuais, se é que existiam, e o movimento estudantil, se é que se movia, e o empresariado nacional, se é que existam empresários nacionais?

O que emudece um país não o indigna nunca? A passividade pode não ter fim? Isso é o que somos, ou aquilo que nos fizeram? Não durmo bem à noite, desta vez tenho vergonha antes.

Por quem lutar, ou melhor com quem lutar?

Art Politica 1

Um país pode ser paralisado pela discussão política, não pelos fatos, nem pelos atos, como seria com uma manobra camuflada de democracia de fazer pleitos eleitorais em toda a extensão do território a cada dois anos. Renovam-se os contratos publicitários, a mídia se mantém ocupada e locupletada, satura-se a opinião pública, renovam-se denúncias, apelos, alianças de desafetos, refaz-se ameaças. A médio prazo nenhuma atenção consegue ser mantida, por artes de falar uma linguagem antes construídas nas agências de publicidade fica-se sem saber quem é o interlocutor. Pronto, cria-se o principal ingrediente para a desmobilização, para o esvaziamento da coisa pública, tornada rés, pano de fundo para manobras e ... A teoria econômica é apresentada como discussão chata e dispensável nos horários que antecedem o pleito, como não importante, os discursos remetem a promessas não aos fundamentos, isso seria para depois como se o antes não importasse. A arena política deve parecer mais com espetáculos, menos reflexão e mais apelos emocionais, mais emoção menos saberes. Estatísticas e números ao invés de demonstrativos e projeções de resultados e fundamentos. A caravana não passa, todo o aparato PE montado para a paralisia nacional, não para sua aceleração. Não se discute um plano de desenvolvimento nacional, apresentam obras como sendo os meios do desenvolvimento e a realização. Obras são exigências, necessidades, meios, não fins.

A política pode ser a expressão da decadência de um povo ou a oportunidade de sua redenção. Sem os políticos aprendemos os atos, a sobrevivência, o empreendedorismo, apesar deles teimamos em andar e fazer. Infelizmente eles passarão tardiamente conservados por boa alimentação, o melhor sistema de assistência, bom sono originado em terapias e bons vinhos, a custa de botox e regalos, enquanto isso as favelas aumentam e surpreendentemente o povo repete refrões insistentemente colocados e canta com os arautos do momento “deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço tudo o que deus me deu”. E deus? Bem esse é outro assunto, por enquanto as cervejarias agradecem, esses sim embevecidos, melhor seria se escrevêssemos ANBEVecidos. A voz do povo...