sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Comentário 2 – CIDADÃOS DO MUNDO

Uma época de transição quase sempre é também de conflitos, os momentos atuais da humanidade brasileira podem representara calmaria que antecede os piores momentos. Procurando refúgio em governantes messiânicos, verdadeiros milagreiros de última hora, elevados á súbita condição de salvadores da pátria, a população como um todo se isola e se contrai, isentando-se de ser senhora do próprio destino e entregando nas mãos, ou seja lá de quem, como quem diz, eles prometeram, eu acreditei... Fecha-se em trancas, insegura e molestada, sem a quem recorrer, seja poder de polícia seja “Estado de Direito”. Como é muito igual antes da imposição de alguns de um estado ditatorial, regido por indivíduos que se crêem eternos, todos os tiranos e todas as tiranias creram na perpetuação e pelo menos em alguns séculos de suas imposições de luzes, ainda que lamparinas, mas não brilharam mais que meio século onde mais produziram sombras. Esta aí de novo, o mesmo procedimento e as mesmas técnicas, alimentando-se da desesperança que ela mesma ajudou a criar, como se fosse possível mudar. Cada vez menos se fala em chacras e em educação integral, educação interior ou construção maior, educa-se para o menor e para o trabalho, ou melhor prepara-se para o menor trabalho e não se educa para nada. Sensitivos aos milhares aceitam o discurso montado nas agências de publicidade, como se não devesse haver compromisso nos funcionários ou nos agenciadores. Como os artistas os sensitivos são entre os poucos que podem comprovar a diferença, mas não é o que observamos nestes vinte anos de atuação buscando provar que é possível, que o homem pode ser além. Enfrentando todas as resistências. “A alma constrói corpos através dos quais pretende um dia realizar a sua manifestação plena, desde os primeiros momentos planetários em sucessivas tentativas, buscando fazer canais para sua realização, mas esses corpos são compartilhados e determinados pelo meio e compartilhados com seres e criaturas, seu desdobramento ou formas na evolução. Após algum tempo constrói vários canais de manifestação em todos os níveis dimensionais,e todos eles, incluindo o plano dimensional do espírito, os seres, a própria mente, os eus, a personalidade resistirão à alma. Resistirão à alma, a própria alma” Está dito, durante vinte anos guardei isso crendo que seria possível, essa é a história cósmica do homem, seria diferente na confraria elementar?

O isolamento beneficia a quem? A quem não quer transformar, nem se expor, nem compartilhar. Qualquer reunião, grupo de atividades mostrará ser o estímulo para quem pode e o exemplo para quem precisa. Ao invés disso, o que assistimos no planeta é a progressiva submissão silenciosa e rançosa da capacidade individual, reduzida a espectadores de processos de absorver a atenção, anulando e tornando passivos pelo fato de ser espectadores aparentemente protegidos em suas gradeadas e ocultas residências. Sair para quê? Expor para quê? Cansa andar, cansa... Talvez pese ainda mais não ser, ou querer ser único, compartilhar é mesmo o quer? Pesa não ser e ver quem se exibe ufaneiro e se arrisca parecer feliz. Hendrix comentava antes de sua jovem morte: “Eles não escutam mais, querem efeitos, sensações, o momento. Ao invés do artista a banda, a multidão”.

Não conseguimos nos reunir duas vezes em vinte anos, os trabalhos espirituais são antes a esperança de auxílio ou a compulsão produzida pelas entidades, sempre havendo aqueles que ao fim do dia estão prontos a crer que não precisaram ter saído. Penso as almas, penso a falta da ação social, penso na construção planetária e a falta de metas pessoais e culturais tão de acordo com a sociedade de consumos que apresenta o produto industrial como sendo tudo o que se precisa, geradora de passividades sem fim, geradora de menos-valia, expressão para substituir a mais-valia. O lugar do homem ainda que confrade pode ser a enorme dificuldade de estender os braços. O amanhã existe e poderíamos ser os construtores.

Art Política 5

Não são as porcentagens nem os índices produzidos, que quase ninguém confere, é um senso de alto preço que nada revela e antes oculta, é um sentimento que não brota, como se o País fosse programado para nunca ser. Um americano é um americano, seja negro ou branco, ou índio. Um russo ama a pátria russa, a mãe russa. Um árabe é um árabe e atacar um é agredir a todos, os europeus que aprenderam a lição, não lida pelos americanos. Um israelense é sempre um israelense, nem lhe deixam ser outro. Nós somos sempre um pouco a ordem, a obediência, um silêncio que persiste, um grito que não sai. Trinta e cinco anos de ditaduras num século, outros dez sob a ameaça que silencia e não mostra a cara, e sepulta-se o espírito nacional. Há um ufanismo produzido nas agências de publicidade e nos agentes oficiais do Estado, como dizer que temos a quinta indústria automobilística mundial e nenhuma indústria nacional, nem plano de desenvolvimento, nem metas. O povo não é sério, é triste, o homem quieto no trem e no ônibus não é sério é sem amanhãs, é um homem triste ou triste figura de país de brinquedo. O povo se conhece pelos olhos, pela expressão dos olhos. Aqui é com deus e sem esperança.

Art Política 4

É possível retirar a mordaça e ensinar a fala? Futebol se discute sim, política e religião se discute, estuda-se e se aprende. A mordaça blinda, protege (a quem), provavelmente movendo com fatores no subconsciente do amordaçado, como um libelo ou um látego, de indefesa a indefensável, sentindo-se punível por atos que sequer suspeitou. Sem líderes nem o povo, nem os trabalhadores, nem os quase intelectuais, nem os estudantes, menos ainda os professores do ensino público, que os do privado jamais puderam, não há posicionamento revolucionário. Não compromisso nacional, não há compromisso com outro futuro que não seja a garantia pessoal de emprego e benesses. E revoluções são tão necessárias quanto as evoluções. Constrói-se futuro ou continuísmo. O Brasil político tem sido sustentado no amordaçamento imposto sobre quase todos e na omissão natural dos religiosos, e disso a chamam classe média. “Classe média” hoje formada por alguns profissionais liberais e muitos funcionários públicos, servidores antes de si mesmos, na burla e no benefício de leis corporativistas que não permitem à sociedade que avalie e julgue, funcionário do Estado, do judiciário ao executivo, servem-se autogerindo da renda às obrigações.

O poder deve. Quem está no poder deve.

A lei da mordaça nos faz ouvir galvões e bonnner, humoristas de fachada. O momento passa, eu passo, o momento pode ainda ser, teremos tempo de conseguir aprender a praça pública?