terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sobre os Livros - 2

Escrever pode ser um ideal, foi antes uma contingência, o desdobramento resultante das decisões a que fui levado pela descoberta da espiritualidade e das reflexões posteriores. O começo, e devo comentar o começo, foram duas experiências e meia dúzia de autores. A mais marcante foi a de ter estado em estado de EFC, Experiência Fora do Corpo, exemplificado em tantas obras hoje, dentre as quais saliento, no exterior Robert Monroe, Anthony Martin e Susan Blackmore, a contribuição de Melita Denning e Osborn Phillips. No Brasil temos o trabalho de Vagner Borges e o de Vieira. No Rio Grande do Sul a atividade de grupos esotéricos e ocultistas é intenso e se sobressai além da maçonaria e do rosacrucianismo o movimento gnóstico. Uma outra questão decisiva foi ao participar de trabalhos de manifestação mediúnico, e experiências pessoais de confirmação, sobre a manifestação de "espíritos", e questionei se era a mesma coisa o espírito e aquele aspecto desdobrado na experiência fora do corpo. E depois, de que era feito o corpo de um espírito, onde ele existia, se era possível uma investigação neste nível. Nunca mais paramos, embora nunca houvesse claramente manifestado, senão agora, as reflexões iniciais, tive companheiros e amigos dos dois planos que me auxiliaram e seguiram.
Em algum momento no século recém findo, o interesse pelo assunto era intenso. Hoje a questão dos chacras e dos centros internos e as reflexões a que nos conduzem sofreram um processo nítido de exclusão da mídia. As grandes massas estão sendo conduzidas ao esvaziamento de interesse pela "educação interior", resultado também de iniciativas de autores duvidosos, como o "Segredo", obras como a literatura nada mágica de personagens como Harry Potter, e não o conteúdo mágico. Esse conjunto de obras, incentivadas pela mídia, tem seu preço no esvaziamento da causa mágica nos jovens, preenchendo sua necessidade com a literatura vampiresca... Muito pouco se menciona dos chacras e dos centros, e menos se discute sobre a condição humana, os fenômenos de consciência e outros.
Estive sim, ocupado com o último livro, e nele retomo a discussão sobre essas questões e os resultados a que chegamos ao longo de vinte anos de pesquisa. Pude chegar muito perto de toda a verdade experimentada, faltando num livro de síntese, as explanações, as etapas que nos levaram a essa ou aquela percepção, e como foram as respostas pessoais diante da pressão do despertar dos centros internos. Isso de alguma forma fica subentendido em muitas páginas do novo texto. Igualmente estou ocupadíssimo refazendo os textos do site da Ordem da Confraria Elementar, onde pretendo esclarecer dos motivos pessoais de ter escolhido este ou aquele caminho, ao conduzir os muitos que se permitiram ser treinados e orientados por mim nestes vinte anos de trabalho intenso. Desculpem a demora, sempre estamos juntos, e alguma falha de digitação pode ser igualmente perdoada pelos senhores. Muita vez somente tenho tempo de sentar e digitar, sem tempo para mais nada, nem a cópia, nem a reflexão mais elaborada.

domingo, 14 de novembro de 2010

101.113

Onde estás, o que fazes, não te sou útil?
um romance novo, uma vida nova?
Quantas questões levanta o silêncio.

Apenas sejas feliz, ou tenta, ou anda,
quantas respostas se produz
quando se está longe.

Tens tua vida, e o que queres carregar contigo,
não esquece os outros lados, todos os lados,
os diagonais, as curvas de tempo.

Quantas coisas se pensa dizer
quando há distância e silêncio.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Reflexão!

SOBRE A INTELIGÊNCIA
A inteligência não é uma "ferramenta" dentro de nós que funciona sozinha, a ponto de que diga fulano é inteligente, como se ele tivesse sido tocado pela "graça".

Nunca foi assim, o mais simples que se possa dizer é que é um comando e um domínio.

Não se cria inteligência, se educa, e se identifica, o tipo de inteligência que um indivíduo possui em maior grau, e as inteligências que possui em menor grau, mas antes disso é preciso que saiba de outros aspectos sobre o funcionamento do cérebro e também do sistema neural.

A inteligência é um comando que exercemos em nós mesmos, um comando de nós, esse é começo da reflexão. Há intelgiência naquilo que fizemos automaticamente, intuitivamente, por inspiração, somos, é o tipo de ação, e o tipo de agente. Mas há um impeditivo sério à inteligência, o controle da reação, que passa a substituir a reação emocional e nervosa, que é reação inconsciente a um estímulo desafiador, interno ou externo. Substitui-se pelo treino e pela educação a reação automática pela reação construída pela vontade, pelo desenvolvimento e educação interior. Subsitui-se a automática pela reação melhor. Onde deve existir a reação automática: no ato de fazer e de criar, em determinadas situações e afazeres.

Técnica simples: Parar e observar a origem da ação, a própria ação, em vários niveis do ser, quando se para? Sempre que o emocional esteja atuando. Quem precisa do emocional?

Artistas de palco, atletas, lutadores, contato humano tipo paixão, tipo troca de afetos, tipo conquista e envolvimento.

O descontrole emocional faz e produz o inverso:

compromete a representação ou impede a arte, o desempenho do atleta, a vitória do lutador, ou sua eficiência, bloqueia a paixão, anula o afeto, desconstrói a conquista e cria isolamento pela resistencia que produz nos outros. Mesmo os inimigos aparentes tem de ser olhados como desafios a ser superados, e como são humanos dentro de nossas leis de ação:

Eu me comprometo a salvar todos os seres sensíveis do universo, mesmo que infinitos; e me comprometo a dominar todas as minhas emoções, ainda que sejam inumeráveis.

A inteligência estará a serviço de uma realidade de nós, examinem qual é essa realidade de si a que tudo serve, ou que tudo subjuga. Um bom dia para todos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A gota d’água

Francis caminhava cabisbaixa, como se fosse picada por um inseto, criatura imaginária destas que nos dão sobressaltos e estão em algum lugar oculto, como alguma das tantas que a sobressaltavam. Levantou a cabeça e saiu pisando firme, tentava afastar seus constantes fantasmas. Que saudade! Não saberia ao certo como ele seria hoje, quando estaria bem velho e talvez num canto qualquer tentando encontrar alguma solução mirabolante para um problema que ninguém vai utilizar, como uma solução econômica, uma alteração no modo de se comportar de um time de futebol, ou escalação do time, no campeonato... espanhol, ou da administração de uma empresa que nunca teve. Mas sempre tinha respostas, é o que dizem dele, quando falam cheios de saudade e admiração. Olhou, tentando entender, vídeos, ouviu palestras, conhecia o tom da voz, os recursos, o tipo de fala e até de onde muitas idéias saíram, vídeos, fotos, filmes, textos, desenhos que produziu. Ah! E ele desenhava bem e parecia destas pessoas o Karl é assim, Carlos Gustavo que ele pensou Karl Gustav, o músico, meu irmão mais novo, na época tinha quatro anos, era a cara mais linda do mundo, nossa como chamou por ele dias e dias correndo por todo o canto.

Tudo estava da pior maneira dizem, tanto pelo período pós-eleitoral, e parece que suas predições se cumpriam, agora melhoramos algumas coisas, aprendemos a negociar, trabalhamos duro e estamos bem. Tudo estava mal naquele ano, o clima, as pessoas parece que resolveram entrar em crise ao mesmo tempo, aqueles que eram mais próximos estavam em pedaços, e ele os carregava com sua esperança e com um afeto que ainda hoje está nas gravações, eram o seu vício, hoje entendo. Mas alguma coisa saíra do lugar e poderia ser a mesma realidade que acabara com tantos, ele estava com cinqüenta e sete anos. Minha mãe ainda chora, quando nos conta como ele era e se arrepende de ter entendido, diz ela, tarde demais.

Às vezes uma tragédia funciona como um despertador e foi o que aconteceu, como por um passe de mágica os convites para participação disto ou daquilo se sucederam, tinha de fazer alguma coisa e fez. As pessoas não a deixaram se sentir só, como se pudessem preencher a lacuna... Não preencheram, mas se aproximaram uns dos outros, fizeram o que era mais importante, retomaram de onde em algum lugar de si mesmas as coisas haviam parado.

A dor pode aproximar. É isto, mas sinto falta, sei como ele era, mas havia este tipo de cansaço que possuem somente aqueles que carregam sonhos por tempo demais, e fora assim a pessoa da casa, dos telefones a qualquer hora, e de soluções e respostas. Acho que no fundo ele sempre soube e mantivera a esperança de que pudessem reagir, aproximando-se. Não era o que aconteceu naquele ano atípico. Tudo foi ruim. As respostas não vieram, as soluções tentadas foram infrutíferas, muitos se desesperavam, minha mãe era uma delas, sei agora. Acho que ele sabia, dizem que a maioria do que dizia se confirmava algum tempo e até anos depois, é, tenho muito disso, mas não quis seguir o mesmo caminho, não quis segui-lo, por causa... parou de pensar como querendo arrancar a sequência de idéias. Quero esquecer e vem de novo. Francis olhou a cidade, passava ao lado do parque de sempre, respirou fundo e veio na mente, faz um mantran. Droga! Está sempre de alguma forma. Respirou fundo.

Ele me chamou, ainda escutava o Karl brabo dizendo que não era mais amigo dele, e ele me chamou, era uma bagunça de crianças e sempre fazíamos a mesma coisa, ainda que ele tentasse trabalhar, nos deixava livres e livres virávamos a casa de pernas para o ar. Ele havia chamado a atenção de nós dois, e devo ter pedido alguma coisa, sei lá, minha mãe disse que ele vinha trabalhando até altas horas, cansado, e ela lágrimas correndo dos olhos dizia que não conseguia chegar perto, fazia dias, meses mesmo, a mulher precisa estar bem para certas coisas, ou apaixonada me dizia, o homem não e ele era deste tipo que se liga ao invés de desligar e descarregar. Teria me chamado da cadeira como nunca, estendeu os braços e me olhou com o olhar do único fantasma capaz de derrotar um ser humano, havia solidão nele, agora sei, eu a sinto me levando pelas ruas e no meio das gentes.

Eu não sei porquê respondi tomada, Eu não quero mais ser tua amiga. Nunca mais!

Ele baixou os olhos e era como se não fosse eu, fossem todos aqueles por quem ele lutava e que no fim não lutavam por coisa nenhuma, e menos por ele, menos com ele. Como esses fantasmas que se arrastam esperando a misericórdia de nascer junto de novo, para se redimirem, como eu me surpreendo querendo. E repeti a mesma frase duas, três vezes, e dentro dele que lutava tanto por tantos alguma coisa saiu do lugar, seus olhos foram se afastando, e me olhava cada vez de mais longe, isso eu lembro não sei como. Hoje me dizem que ele saiu em silêncio, apanhou alguma coisa do armário, e saiu em silêncio, o silêncio que existia até quando falava com as pessoas. Olhou para os livros, o material de desenho, o computador sempre ligado, em meio a um texto interminável, não me olhou de novo, apenas saiu, e tenho agora esta vontade de correr no tempo atrás dele e de gritar me leva junto, eu te amo. Mas ele não estava mais ali, tinha sido vencido. Atravessou a porta e desceu os pequenos degraus. Ela diz que eu estava estranha, imóvel. Os olhos parados. E disse apenas: Papai está longe. Desde esse dia nossa vida mudou, não como de alguma forma ele queria, mas com o que ele fez em cada um de nós. Ninguém o culpou nunca, ao contrário é como se todos tivessem alguma coisa a ver, fomos nós que tínhamos desistido dele, até mesmo nós os pequenos, sem o saber. Ele sabia que somente algo grande e trágico pode realmente unir as pessoas. Ainda sinto aqueles braços que abraçavam apertado, mas lembro dos braços estendidos, como era grande seu amor, que não pedia mais que um abraço e quase sempre era tudo o que recebia, no fim de uma palestra ou de uma aula, e até de minha mãe, e era o que se permitia receber. Naqueles dias ele precisava demais, talvez de si mesmo, talvez de uma resposta e como sempre encontrou apenas em si o que precisava.

Todos mudamos em torno e depois dele. A morte as vezes une.
20/10/2010.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Comentário 2 – CIDADÃOS DO MUNDO

Uma época de transição quase sempre é também de conflitos, os momentos atuais da humanidade brasileira podem representara calmaria que antecede os piores momentos. Procurando refúgio em governantes messiânicos, verdadeiros milagreiros de última hora, elevados á súbita condição de salvadores da pátria, a população como um todo se isola e se contrai, isentando-se de ser senhora do próprio destino e entregando nas mãos, ou seja lá de quem, como quem diz, eles prometeram, eu acreditei... Fecha-se em trancas, insegura e molestada, sem a quem recorrer, seja poder de polícia seja “Estado de Direito”. Como é muito igual antes da imposição de alguns de um estado ditatorial, regido por indivíduos que se crêem eternos, todos os tiranos e todas as tiranias creram na perpetuação e pelo menos em alguns séculos de suas imposições de luzes, ainda que lamparinas, mas não brilharam mais que meio século onde mais produziram sombras. Esta aí de novo, o mesmo procedimento e as mesmas técnicas, alimentando-se da desesperança que ela mesma ajudou a criar, como se fosse possível mudar. Cada vez menos se fala em chacras e em educação integral, educação interior ou construção maior, educa-se para o menor e para o trabalho, ou melhor prepara-se para o menor trabalho e não se educa para nada. Sensitivos aos milhares aceitam o discurso montado nas agências de publicidade, como se não devesse haver compromisso nos funcionários ou nos agenciadores. Como os artistas os sensitivos são entre os poucos que podem comprovar a diferença, mas não é o que observamos nestes vinte anos de atuação buscando provar que é possível, que o homem pode ser além. Enfrentando todas as resistências. “A alma constrói corpos através dos quais pretende um dia realizar a sua manifestação plena, desde os primeiros momentos planetários em sucessivas tentativas, buscando fazer canais para sua realização, mas esses corpos são compartilhados e determinados pelo meio e compartilhados com seres e criaturas, seu desdobramento ou formas na evolução. Após algum tempo constrói vários canais de manifestação em todos os níveis dimensionais,e todos eles, incluindo o plano dimensional do espírito, os seres, a própria mente, os eus, a personalidade resistirão à alma. Resistirão à alma, a própria alma” Está dito, durante vinte anos guardei isso crendo que seria possível, essa é a história cósmica do homem, seria diferente na confraria elementar?

O isolamento beneficia a quem? A quem não quer transformar, nem se expor, nem compartilhar. Qualquer reunião, grupo de atividades mostrará ser o estímulo para quem pode e o exemplo para quem precisa. Ao invés disso, o que assistimos no planeta é a progressiva submissão silenciosa e rançosa da capacidade individual, reduzida a espectadores de processos de absorver a atenção, anulando e tornando passivos pelo fato de ser espectadores aparentemente protegidos em suas gradeadas e ocultas residências. Sair para quê? Expor para quê? Cansa andar, cansa... Talvez pese ainda mais não ser, ou querer ser único, compartilhar é mesmo o quer? Pesa não ser e ver quem se exibe ufaneiro e se arrisca parecer feliz. Hendrix comentava antes de sua jovem morte: “Eles não escutam mais, querem efeitos, sensações, o momento. Ao invés do artista a banda, a multidão”.

Não conseguimos nos reunir duas vezes em vinte anos, os trabalhos espirituais são antes a esperança de auxílio ou a compulsão produzida pelas entidades, sempre havendo aqueles que ao fim do dia estão prontos a crer que não precisaram ter saído. Penso as almas, penso a falta da ação social, penso na construção planetária e a falta de metas pessoais e culturais tão de acordo com a sociedade de consumos que apresenta o produto industrial como sendo tudo o que se precisa, geradora de passividades sem fim, geradora de menos-valia, expressão para substituir a mais-valia. O lugar do homem ainda que confrade pode ser a enorme dificuldade de estender os braços. O amanhã existe e poderíamos ser os construtores.

Art Política 5

Não são as porcentagens nem os índices produzidos, que quase ninguém confere, é um senso de alto preço que nada revela e antes oculta, é um sentimento que não brota, como se o País fosse programado para nunca ser. Um americano é um americano, seja negro ou branco, ou índio. Um russo ama a pátria russa, a mãe russa. Um árabe é um árabe e atacar um é agredir a todos, os europeus que aprenderam a lição, não lida pelos americanos. Um israelense é sempre um israelense, nem lhe deixam ser outro. Nós somos sempre um pouco a ordem, a obediência, um silêncio que persiste, um grito que não sai. Trinta e cinco anos de ditaduras num século, outros dez sob a ameaça que silencia e não mostra a cara, e sepulta-se o espírito nacional. Há um ufanismo produzido nas agências de publicidade e nos agentes oficiais do Estado, como dizer que temos a quinta indústria automobilística mundial e nenhuma indústria nacional, nem plano de desenvolvimento, nem metas. O povo não é sério, é triste, o homem quieto no trem e no ônibus não é sério é sem amanhãs, é um homem triste ou triste figura de país de brinquedo. O povo se conhece pelos olhos, pela expressão dos olhos. Aqui é com deus e sem esperança.

Art Política 4

É possível retirar a mordaça e ensinar a fala? Futebol se discute sim, política e religião se discute, estuda-se e se aprende. A mordaça blinda, protege (a quem), provavelmente movendo com fatores no subconsciente do amordaçado, como um libelo ou um látego, de indefesa a indefensável, sentindo-se punível por atos que sequer suspeitou. Sem líderes nem o povo, nem os trabalhadores, nem os quase intelectuais, nem os estudantes, menos ainda os professores do ensino público, que os do privado jamais puderam, não há posicionamento revolucionário. Não compromisso nacional, não há compromisso com outro futuro que não seja a garantia pessoal de emprego e benesses. E revoluções são tão necessárias quanto as evoluções. Constrói-se futuro ou continuísmo. O Brasil político tem sido sustentado no amordaçamento imposto sobre quase todos e na omissão natural dos religiosos, e disso a chamam classe média. “Classe média” hoje formada por alguns profissionais liberais e muitos funcionários públicos, servidores antes de si mesmos, na burla e no benefício de leis corporativistas que não permitem à sociedade que avalie e julgue, funcionário do Estado, do judiciário ao executivo, servem-se autogerindo da renda às obrigações.

O poder deve. Quem está no poder deve.

A lei da mordaça nos faz ouvir galvões e bonnner, humoristas de fachada. O momento passa, eu passo, o momento pode ainda ser, teremos tempo de conseguir aprender a praça pública?

domingo, 8 de agosto de 2010

Como Alma (041.110)

Como Alma despertava amores
E sentimentos vivos onde andava
A cor desesperada de Kokoschka
A melodia intensa de Mahler
Desconhecendo-se prisioneira
De um destino de Walquírias.

Herdas dos tempos a magia
E nem te sabes de todo
Aprisionada
Àqueles que libertas.

Cativo do tempo, aguilhoado à terra,
À pedra, ao que me trouxe
Não anseio menos tua presença
Nem menos a fonte
Ainda que igualmente desperte.

Destino estranho conviver contigo
Ainda uma vez.

Como Alma construindo-se
Nos amores e vivos sentimentos
Desconhecida de si mesma
Reflexo dos gestos, da presença
Alimentando-se das chamas,
As próprias chamas onde arde
E se consome
Como num destino de Walquírias!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Art política 3

Como alguém com medo pode ir à arena, à praça pública e enfrentar a polis? Bem, é mais fácil que enfrentar o espelho ou o futuro, o destino e a verdade.

Pode ser que o palhaço no picadeiro não saiba de outra coisa além de fanfarras e gargalhadas.

E no oitavo dia deus criou o circo!

Art política 2

Ao fim de cada eleição me recolhia envergonhado de mais uma vez ter deixado de fazer alguma coisa a mais, um engajamento, uma participação, uma ousadia, de não ter feito nada.

O que silenciou ou emudeceu os intelectuais, se é que existiam, e o movimento estudantil, se é que se movia, e o empresariado nacional, se é que existam empresários nacionais?

O que emudece um país não o indigna nunca? A passividade pode não ter fim? Isso é o que somos, ou aquilo que nos fizeram? Não durmo bem à noite, desta vez tenho vergonha antes.

Por quem lutar, ou melhor com quem lutar?