domingo, 14 de novembro de 2010

101.113

Onde estás, o que fazes, não te sou útil?
um romance novo, uma vida nova?
Quantas questões levanta o silêncio.

Apenas sejas feliz, ou tenta, ou anda,
quantas respostas se produz
quando se está longe.

Tens tua vida, e o que queres carregar contigo,
não esquece os outros lados, todos os lados,
os diagonais, as curvas de tempo.

Quantas coisas se pensa dizer
quando há distância e silêncio.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Reflexão!

SOBRE A INTELIGÊNCIA
A inteligência não é uma "ferramenta" dentro de nós que funciona sozinha, a ponto de que diga fulano é inteligente, como se ele tivesse sido tocado pela "graça".

Nunca foi assim, o mais simples que se possa dizer é que é um comando e um domínio.

Não se cria inteligência, se educa, e se identifica, o tipo de inteligência que um indivíduo possui em maior grau, e as inteligências que possui em menor grau, mas antes disso é preciso que saiba de outros aspectos sobre o funcionamento do cérebro e também do sistema neural.

A inteligência é um comando que exercemos em nós mesmos, um comando de nós, esse é começo da reflexão. Há intelgiência naquilo que fizemos automaticamente, intuitivamente, por inspiração, somos, é o tipo de ação, e o tipo de agente. Mas há um impeditivo sério à inteligência, o controle da reação, que passa a substituir a reação emocional e nervosa, que é reação inconsciente a um estímulo desafiador, interno ou externo. Substitui-se pelo treino e pela educação a reação automática pela reação construída pela vontade, pelo desenvolvimento e educação interior. Subsitui-se a automática pela reação melhor. Onde deve existir a reação automática: no ato de fazer e de criar, em determinadas situações e afazeres.

Técnica simples: Parar e observar a origem da ação, a própria ação, em vários niveis do ser, quando se para? Sempre que o emocional esteja atuando. Quem precisa do emocional?

Artistas de palco, atletas, lutadores, contato humano tipo paixão, tipo troca de afetos, tipo conquista e envolvimento.

O descontrole emocional faz e produz o inverso:

compromete a representação ou impede a arte, o desempenho do atleta, a vitória do lutador, ou sua eficiência, bloqueia a paixão, anula o afeto, desconstrói a conquista e cria isolamento pela resistencia que produz nos outros. Mesmo os inimigos aparentes tem de ser olhados como desafios a ser superados, e como são humanos dentro de nossas leis de ação:

Eu me comprometo a salvar todos os seres sensíveis do universo, mesmo que infinitos; e me comprometo a dominar todas as minhas emoções, ainda que sejam inumeráveis.

A inteligência estará a serviço de uma realidade de nós, examinem qual é essa realidade de si a que tudo serve, ou que tudo subjuga. Um bom dia para todos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A gota d’água

Francis caminhava cabisbaixa, como se fosse picada por um inseto, criatura imaginária destas que nos dão sobressaltos e estão em algum lugar oculto, como alguma das tantas que a sobressaltavam. Levantou a cabeça e saiu pisando firme, tentava afastar seus constantes fantasmas. Que saudade! Não saberia ao certo como ele seria hoje, quando estaria bem velho e talvez num canto qualquer tentando encontrar alguma solução mirabolante para um problema que ninguém vai utilizar, como uma solução econômica, uma alteração no modo de se comportar de um time de futebol, ou escalação do time, no campeonato... espanhol, ou da administração de uma empresa que nunca teve. Mas sempre tinha respostas, é o que dizem dele, quando falam cheios de saudade e admiração. Olhou, tentando entender, vídeos, ouviu palestras, conhecia o tom da voz, os recursos, o tipo de fala e até de onde muitas idéias saíram, vídeos, fotos, filmes, textos, desenhos que produziu. Ah! E ele desenhava bem e parecia destas pessoas o Karl é assim, Carlos Gustavo que ele pensou Karl Gustav, o músico, meu irmão mais novo, na época tinha quatro anos, era a cara mais linda do mundo, nossa como chamou por ele dias e dias correndo por todo o canto.

Tudo estava da pior maneira dizem, tanto pelo período pós-eleitoral, e parece que suas predições se cumpriam, agora melhoramos algumas coisas, aprendemos a negociar, trabalhamos duro e estamos bem. Tudo estava mal naquele ano, o clima, as pessoas parece que resolveram entrar em crise ao mesmo tempo, aqueles que eram mais próximos estavam em pedaços, e ele os carregava com sua esperança e com um afeto que ainda hoje está nas gravações, eram o seu vício, hoje entendo. Mas alguma coisa saíra do lugar e poderia ser a mesma realidade que acabara com tantos, ele estava com cinqüenta e sete anos. Minha mãe ainda chora, quando nos conta como ele era e se arrepende de ter entendido, diz ela, tarde demais.

Às vezes uma tragédia funciona como um despertador e foi o que aconteceu, como por um passe de mágica os convites para participação disto ou daquilo se sucederam, tinha de fazer alguma coisa e fez. As pessoas não a deixaram se sentir só, como se pudessem preencher a lacuna... Não preencheram, mas se aproximaram uns dos outros, fizeram o que era mais importante, retomaram de onde em algum lugar de si mesmas as coisas haviam parado.

A dor pode aproximar. É isto, mas sinto falta, sei como ele era, mas havia este tipo de cansaço que possuem somente aqueles que carregam sonhos por tempo demais, e fora assim a pessoa da casa, dos telefones a qualquer hora, e de soluções e respostas. Acho que no fundo ele sempre soube e mantivera a esperança de que pudessem reagir, aproximando-se. Não era o que aconteceu naquele ano atípico. Tudo foi ruim. As respostas não vieram, as soluções tentadas foram infrutíferas, muitos se desesperavam, minha mãe era uma delas, sei agora. Acho que ele sabia, dizem que a maioria do que dizia se confirmava algum tempo e até anos depois, é, tenho muito disso, mas não quis seguir o mesmo caminho, não quis segui-lo, por causa... parou de pensar como querendo arrancar a sequência de idéias. Quero esquecer e vem de novo. Francis olhou a cidade, passava ao lado do parque de sempre, respirou fundo e veio na mente, faz um mantran. Droga! Está sempre de alguma forma. Respirou fundo.

Ele me chamou, ainda escutava o Karl brabo dizendo que não era mais amigo dele, e ele me chamou, era uma bagunça de crianças e sempre fazíamos a mesma coisa, ainda que ele tentasse trabalhar, nos deixava livres e livres virávamos a casa de pernas para o ar. Ele havia chamado a atenção de nós dois, e devo ter pedido alguma coisa, sei lá, minha mãe disse que ele vinha trabalhando até altas horas, cansado, e ela lágrimas correndo dos olhos dizia que não conseguia chegar perto, fazia dias, meses mesmo, a mulher precisa estar bem para certas coisas, ou apaixonada me dizia, o homem não e ele era deste tipo que se liga ao invés de desligar e descarregar. Teria me chamado da cadeira como nunca, estendeu os braços e me olhou com o olhar do único fantasma capaz de derrotar um ser humano, havia solidão nele, agora sei, eu a sinto me levando pelas ruas e no meio das gentes.

Eu não sei porquê respondi tomada, Eu não quero mais ser tua amiga. Nunca mais!

Ele baixou os olhos e era como se não fosse eu, fossem todos aqueles por quem ele lutava e que no fim não lutavam por coisa nenhuma, e menos por ele, menos com ele. Como esses fantasmas que se arrastam esperando a misericórdia de nascer junto de novo, para se redimirem, como eu me surpreendo querendo. E repeti a mesma frase duas, três vezes, e dentro dele que lutava tanto por tantos alguma coisa saiu do lugar, seus olhos foram se afastando, e me olhava cada vez de mais longe, isso eu lembro não sei como. Hoje me dizem que ele saiu em silêncio, apanhou alguma coisa do armário, e saiu em silêncio, o silêncio que existia até quando falava com as pessoas. Olhou para os livros, o material de desenho, o computador sempre ligado, em meio a um texto interminável, não me olhou de novo, apenas saiu, e tenho agora esta vontade de correr no tempo atrás dele e de gritar me leva junto, eu te amo. Mas ele não estava mais ali, tinha sido vencido. Atravessou a porta e desceu os pequenos degraus. Ela diz que eu estava estranha, imóvel. Os olhos parados. E disse apenas: Papai está longe. Desde esse dia nossa vida mudou, não como de alguma forma ele queria, mas com o que ele fez em cada um de nós. Ninguém o culpou nunca, ao contrário é como se todos tivessem alguma coisa a ver, fomos nós que tínhamos desistido dele, até mesmo nós os pequenos, sem o saber. Ele sabia que somente algo grande e trágico pode realmente unir as pessoas. Ainda sinto aqueles braços que abraçavam apertado, mas lembro dos braços estendidos, como era grande seu amor, que não pedia mais que um abraço e quase sempre era tudo o que recebia, no fim de uma palestra ou de uma aula, e até de minha mãe, e era o que se permitia receber. Naqueles dias ele precisava demais, talvez de si mesmo, talvez de uma resposta e como sempre encontrou apenas em si o que precisava.

Todos mudamos em torno e depois dele. A morte as vezes une.
20/10/2010.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Comentário 2 – CIDADÃOS DO MUNDO

Uma época de transição quase sempre é também de conflitos, os momentos atuais da humanidade brasileira podem representara calmaria que antecede os piores momentos. Procurando refúgio em governantes messiânicos, verdadeiros milagreiros de última hora, elevados á súbita condição de salvadores da pátria, a população como um todo se isola e se contrai, isentando-se de ser senhora do próprio destino e entregando nas mãos, ou seja lá de quem, como quem diz, eles prometeram, eu acreditei... Fecha-se em trancas, insegura e molestada, sem a quem recorrer, seja poder de polícia seja “Estado de Direito”. Como é muito igual antes da imposição de alguns de um estado ditatorial, regido por indivíduos que se crêem eternos, todos os tiranos e todas as tiranias creram na perpetuação e pelo menos em alguns séculos de suas imposições de luzes, ainda que lamparinas, mas não brilharam mais que meio século onde mais produziram sombras. Esta aí de novo, o mesmo procedimento e as mesmas técnicas, alimentando-se da desesperança que ela mesma ajudou a criar, como se fosse possível mudar. Cada vez menos se fala em chacras e em educação integral, educação interior ou construção maior, educa-se para o menor e para o trabalho, ou melhor prepara-se para o menor trabalho e não se educa para nada. Sensitivos aos milhares aceitam o discurso montado nas agências de publicidade, como se não devesse haver compromisso nos funcionários ou nos agenciadores. Como os artistas os sensitivos são entre os poucos que podem comprovar a diferença, mas não é o que observamos nestes vinte anos de atuação buscando provar que é possível, que o homem pode ser além. Enfrentando todas as resistências. “A alma constrói corpos através dos quais pretende um dia realizar a sua manifestação plena, desde os primeiros momentos planetários em sucessivas tentativas, buscando fazer canais para sua realização, mas esses corpos são compartilhados e determinados pelo meio e compartilhados com seres e criaturas, seu desdobramento ou formas na evolução. Após algum tempo constrói vários canais de manifestação em todos os níveis dimensionais,e todos eles, incluindo o plano dimensional do espírito, os seres, a própria mente, os eus, a personalidade resistirão à alma. Resistirão à alma, a própria alma” Está dito, durante vinte anos guardei isso crendo que seria possível, essa é a história cósmica do homem, seria diferente na confraria elementar?

O isolamento beneficia a quem? A quem não quer transformar, nem se expor, nem compartilhar. Qualquer reunião, grupo de atividades mostrará ser o estímulo para quem pode e o exemplo para quem precisa. Ao invés disso, o que assistimos no planeta é a progressiva submissão silenciosa e rançosa da capacidade individual, reduzida a espectadores de processos de absorver a atenção, anulando e tornando passivos pelo fato de ser espectadores aparentemente protegidos em suas gradeadas e ocultas residências. Sair para quê? Expor para quê? Cansa andar, cansa... Talvez pese ainda mais não ser, ou querer ser único, compartilhar é mesmo o quer? Pesa não ser e ver quem se exibe ufaneiro e se arrisca parecer feliz. Hendrix comentava antes de sua jovem morte: “Eles não escutam mais, querem efeitos, sensações, o momento. Ao invés do artista a banda, a multidão”.

Não conseguimos nos reunir duas vezes em vinte anos, os trabalhos espirituais são antes a esperança de auxílio ou a compulsão produzida pelas entidades, sempre havendo aqueles que ao fim do dia estão prontos a crer que não precisaram ter saído. Penso as almas, penso a falta da ação social, penso na construção planetária e a falta de metas pessoais e culturais tão de acordo com a sociedade de consumos que apresenta o produto industrial como sendo tudo o que se precisa, geradora de passividades sem fim, geradora de menos-valia, expressão para substituir a mais-valia. O lugar do homem ainda que confrade pode ser a enorme dificuldade de estender os braços. O amanhã existe e poderíamos ser os construtores.

Art Política 5

Não são as porcentagens nem os índices produzidos, que quase ninguém confere, é um senso de alto preço que nada revela e antes oculta, é um sentimento que não brota, como se o País fosse programado para nunca ser. Um americano é um americano, seja negro ou branco, ou índio. Um russo ama a pátria russa, a mãe russa. Um árabe é um árabe e atacar um é agredir a todos, os europeus que aprenderam a lição, não lida pelos americanos. Um israelense é sempre um israelense, nem lhe deixam ser outro. Nós somos sempre um pouco a ordem, a obediência, um silêncio que persiste, um grito que não sai. Trinta e cinco anos de ditaduras num século, outros dez sob a ameaça que silencia e não mostra a cara, e sepulta-se o espírito nacional. Há um ufanismo produzido nas agências de publicidade e nos agentes oficiais do Estado, como dizer que temos a quinta indústria automobilística mundial e nenhuma indústria nacional, nem plano de desenvolvimento, nem metas. O povo não é sério, é triste, o homem quieto no trem e no ônibus não é sério é sem amanhãs, é um homem triste ou triste figura de país de brinquedo. O povo se conhece pelos olhos, pela expressão dos olhos. Aqui é com deus e sem esperança.

Art Política 4

É possível retirar a mordaça e ensinar a fala? Futebol se discute sim, política e religião se discute, estuda-se e se aprende. A mordaça blinda, protege (a quem), provavelmente movendo com fatores no subconsciente do amordaçado, como um libelo ou um látego, de indefesa a indefensável, sentindo-se punível por atos que sequer suspeitou. Sem líderes nem o povo, nem os trabalhadores, nem os quase intelectuais, nem os estudantes, menos ainda os professores do ensino público, que os do privado jamais puderam, não há posicionamento revolucionário. Não compromisso nacional, não há compromisso com outro futuro que não seja a garantia pessoal de emprego e benesses. E revoluções são tão necessárias quanto as evoluções. Constrói-se futuro ou continuísmo. O Brasil político tem sido sustentado no amordaçamento imposto sobre quase todos e na omissão natural dos religiosos, e disso a chamam classe média. “Classe média” hoje formada por alguns profissionais liberais e muitos funcionários públicos, servidores antes de si mesmos, na burla e no benefício de leis corporativistas que não permitem à sociedade que avalie e julgue, funcionário do Estado, do judiciário ao executivo, servem-se autogerindo da renda às obrigações.

O poder deve. Quem está no poder deve.

A lei da mordaça nos faz ouvir galvões e bonnner, humoristas de fachada. O momento passa, eu passo, o momento pode ainda ser, teremos tempo de conseguir aprender a praça pública?

domingo, 8 de agosto de 2010

Como Alma (041.110)

Como Alma despertava amores
E sentimentos vivos onde andava
A cor desesperada de Kokoschka
A melodia intensa de Mahler
Desconhecendo-se prisioneira
De um destino de Walquírias.

Herdas dos tempos a magia
E nem te sabes de todo
Aprisionada
Àqueles que libertas.

Cativo do tempo, aguilhoado à terra,
À pedra, ao que me trouxe
Não anseio menos tua presença
Nem menos a fonte
Ainda que igualmente desperte.

Destino estranho conviver contigo
Ainda uma vez.

Como Alma construindo-se
Nos amores e vivos sentimentos
Desconhecida de si mesma
Reflexo dos gestos, da presença
Alimentando-se das chamas,
As próprias chamas onde arde
E se consome
Como num destino de Walquírias!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Art política 3

Como alguém com medo pode ir à arena, à praça pública e enfrentar a polis? Bem, é mais fácil que enfrentar o espelho ou o futuro, o destino e a verdade.

Pode ser que o palhaço no picadeiro não saiba de outra coisa além de fanfarras e gargalhadas.

E no oitavo dia deus criou o circo!

Art política 2

Ao fim de cada eleição me recolhia envergonhado de mais uma vez ter deixado de fazer alguma coisa a mais, um engajamento, uma participação, uma ousadia, de não ter feito nada.

O que silenciou ou emudeceu os intelectuais, se é que existiam, e o movimento estudantil, se é que se movia, e o empresariado nacional, se é que existam empresários nacionais?

O que emudece um país não o indigna nunca? A passividade pode não ter fim? Isso é o que somos, ou aquilo que nos fizeram? Não durmo bem à noite, desta vez tenho vergonha antes.

Por quem lutar, ou melhor com quem lutar?

Art Politica 1

Um país pode ser paralisado pela discussão política, não pelos fatos, nem pelos atos, como seria com uma manobra camuflada de democracia de fazer pleitos eleitorais em toda a extensão do território a cada dois anos. Renovam-se os contratos publicitários, a mídia se mantém ocupada e locupletada, satura-se a opinião pública, renovam-se denúncias, apelos, alianças de desafetos, refaz-se ameaças. A médio prazo nenhuma atenção consegue ser mantida, por artes de falar uma linguagem antes construídas nas agências de publicidade fica-se sem saber quem é o interlocutor. Pronto, cria-se o principal ingrediente para a desmobilização, para o esvaziamento da coisa pública, tornada rés, pano de fundo para manobras e ... A teoria econômica é apresentada como discussão chata e dispensável nos horários que antecedem o pleito, como não importante, os discursos remetem a promessas não aos fundamentos, isso seria para depois como se o antes não importasse. A arena política deve parecer mais com espetáculos, menos reflexão e mais apelos emocionais, mais emoção menos saberes. Estatísticas e números ao invés de demonstrativos e projeções de resultados e fundamentos. A caravana não passa, todo o aparato PE montado para a paralisia nacional, não para sua aceleração. Não se discute um plano de desenvolvimento nacional, apresentam obras como sendo os meios do desenvolvimento e a realização. Obras são exigências, necessidades, meios, não fins.

A política pode ser a expressão da decadência de um povo ou a oportunidade de sua redenção. Sem os políticos aprendemos os atos, a sobrevivência, o empreendedorismo, apesar deles teimamos em andar e fazer. Infelizmente eles passarão tardiamente conservados por boa alimentação, o melhor sistema de assistência, bom sono originado em terapias e bons vinhos, a custa de botox e regalos, enquanto isso as favelas aumentam e surpreendentemente o povo repete refrões insistentemente colocados e canta com os arautos do momento “deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço tudo o que deus me deu”. E deus? Bem esse é outro assunto, por enquanto as cervejarias agradecem, esses sim embevecidos, melhor seria se escrevêssemos ANBEVecidos. A voz do povo...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Poe 100.306

como vais?
porque sempre se vai...
de encontro às feras, num complexo picadeiro
onde as palmas são menos que o suspiros
e a espera de que abra a cortina.
como vais, sinto o abraço
que gostaria de dar, e o peso do corpo
que não sinto...
de teu corpo, de teu suspiro, ou de tua ausência
não, não é como vais,
sei que andas teus caminhos.
onde me levas é que pergunto
caminhando tuas pernas,
teus pés,
tua ausência.

terça-feira, 1 de junho de 2010

POE 752.312

Viagem

Onde estaria no dia imediatamente
Anterior ao amanhã?
Sei das confusas presenças,
E as revelações chegam
Por estes amigos invisíveis,
Os pela última vez amigos,
Mãos que a dimensão ignora,
Em que a ponte é um cordão de prata
E o universo sempre paralelo.

Não abriram a porta do quarto,
E o signo da luz lunar
Não obliterou em nada, o Sol
Teve a mesma intensidade
Que se antevê, prenúncio e profecia,
já lendários nos mitológicos contos
De priscas eras,
Os amigos não trouxeram mãos.

Onde esta no últimoinstante
E não os vi partir.
Porquanto tempo será tudo assim,
O lábio a espera,
A mão aberta,
O passo suspenso,
Um bailado de borboletas e bruxas
Claras, numa noite de lunas,
Quase como o arrepiar das costas,
Um pressentimento apenas:
A questão olvidada de
Se ainda poderei aspirar
O que foi num tempo
O destino dos homens.

POE 902.008

Posso viver tuas ausências,
Ser companheiro e amigo,
Mas não posso pactuar em ser fração
Pois quero, verdadeira e definitiva
Como mulher e amiga.
És todas e não posso te ter assim
Dividida e fracionada
Estarei a teu lado onde estiveres,
À tua espera até que possas,
Ou nunca queiras.
Mesmo assim és coisa minha
Com a qual vivo.
Não podendo, cumpra-se o destino
De deserto e espera
E não seja esta dor
Impedimento para o amor e a luz
E sempre possas tê-lo de mim
Mas te quero... para a vida
Como mulher, todas as mulheres que és
E tudo o que possa ser.

domingo, 30 de maio de 2010

POE 902.008

O maior gesto de amor
Exige desprendimento e coragem
Para aceitar e dar-se
Em toda a extensão da vida,
Pela realização,
Pela felicidade,
Pelo direito eterno do ser amado
De existir, assim
Não seja amar-te qualquer prisão,
Seja poder esperar desprendido e livre
Pelas horas que precises,
Realmente precises
E se amanhã, solitárias manhãs
Suceder a noite que me ansies, estarei pronto.
Movido pela mesma chama,
Mas livre de teus fantasmas,
E não serei prisão nem porto.
Amanhã saberei onde estás,
Serei como os destinos e as vidas me fizeram,
E tu como os sonhos e os medos,
Terás fantasmas demais a povoar os sonhos,
E eu, bruxarias de menos

POE 901.703

Como é possível que a tensão da espera,
pela felicidade de tua chegada
destruísse a alegria do teu encontro.
Chegastes e já te havia sentido,
e não fui o abraço feliz,
não fui alegre.
Deixa-me partir se não puder
ser um passo leve, uma brisa,
um encantamento
para a infinidade que és,
que aspiro sempre como o ar
e nem sempre manifesto o que me fazes.
Perdoarás que eu seja assim,
poderás viver estas frações de vida
quando somos totalidades?
Deixa que eu te ame
e descubra neste amor a alegria,
a festa, a vida,
toda a plenitude da vida.

POE 900.103-3

Manhã de azul completamente céu,
em que o destino do homem
É claro raio de Sol
Ou noite.

Hora semelhante àquela sobre as areias
Em que afronta sua hora o homem
Sobre as ardentes dunas
Dos desertos.

É sempre dia claro após as borrascas
E as mais intensas tempestades
Das fúrias despertadas
Na vida.

Manhã, hora e claro dia sempre
Quando antecede o momento fatal
Do derradeiro embate
A escolha.

E seremos cada um a seu modo
Trevas ou luz, amor ou ódio,
Luminosas esperanças vivas
Ou pranto.

E estarei a teu lado e dos homens,
Velhos, crianças, desamparadas e tristes
Apenas porque posso ir ou ficar
E decido.

Encontrando na escolha a resposta
Serei amanhã, raio de Sol ou estrela
E conduzindo um deserto
Encontro.

Serás como árvore de frutos doces
Á sombra da qual descansam as armas
E se recuperam os ideais
E as forças.

Serás como a flor que há no campo
Em meio aos destroços e anunciando
que sempre haverá amanhã
E vida.

Serás como a desdentada criança, rindo
O inocente riso das inocências
Mostrando aos sobreviventes
O amor.

Serás como o velho alquebrado e à morte
Ressequido e frágil, solitário e triste
que mostra aos jovens e fortes
A passagem.

Serás a razão da ponte no leve passo
Justificando o forte pilar que sustenta
A decisão de ser
E o rumo.

E saberás por este momento intenso
Que somente uma vez nos encontramos
Depois seremos senhores e pilares
Para os passos.

Da humanidade que segue eternamente
Pois mesmo à hora derradeira segue
Outro momento, outra transformação
Sempre.

Serás também um momento decisivo
Mas pela própria e clara manhã
Do alvorecer do que terá de vir
Em teu ser.

Serás deserto ou praia, estrela ou campo
Alegria ou dor ou tudo isto
E o que mais te encontre
Em vida.

Serás a glória eterna do renascimento
Da consciência e da vontade
E crendo dirás em meio à vida
“Eu sou”.

POE 900.103-2

Clara manhã de Sol
As multidões sonolentas ganham as ruas
Enfrentando-se, coloridas e confusas,
Que é um enfrentamento contínuo
Contra o não ver, não sentir,
Adiar-se e não ser
Dos homens que passam.
Dirás que é um jogo de palavras
E direi que é um jogo de palavras
E direi que é um jogo de vida e morte,
De damas e cavalheiros
Num longo xadrez postal.
               
Dirás que és igual e por querer
Diferes destas multidões que seguem
Direção nenhuma.
Apenas multidões coloridas e sonolentas,
De panos e plástico,
Bocejantes,
Adormecendo os televisores.

Dirás que és igual e lutarei à morte
Para que um dia hajam mais
Destes que passam
Com a tua igualdade.
Sendo o que és igualas e superas
A mim que sou o menor dos irmãos
E descobrindo a simplicidade que tens
Descubro a complexidade que são
As multidões que passam,
E ouvindo música,
Pintando ou te ouvindo
Preparo mais uma rodada de cartas
De antemão marcadas,
Jogo de sem fim que se joga
E podem ser apenas sensações de nós,
Apenas em nós...

POE 900.103

Oráculo
Crê na vida,
Não me verás outra vez
Do mesmo jeito,
Nem me terás da mesma forma
Duas horas seguidas.
Aquele raio de Som sobre a terra úmida
Clama por uma semente e uma mão que plante.
Aquela criança faminta espera
Pela dignidade que sacrifique o leito
E faça a justiça.
Aquela gente inteira é fruto
Que plantamos no ontem
Da inconsciência e do conveniente.
Agora crê em ti mesma
E tenhas o cântico dos guerreiros e guardiões,
As armas prontas e o passo certo,
Pois não te terás outra vez
Na mesma hora.

sábado, 29 de maio de 2010

POE 902.601-2

Manhã,
em que mais fantasmagórica
a alegoria das ausências
preenche as coisas...
Sinto tua falta de um modo estranho
quase irreal,
nos limites do humano.
Preenches e ao mesmo tempo
é como se não estivesses
e, no entanto, real
quase posso tocar e beijar teu riso...
Manhã que avança
enquanto os deveres,
ou os hábitos,
ou um não saber bem o quê
empurram para trás as ausências e saudades.
Manhã
em que tudo poderia ser por tua causa,
absorvendo em mim,
temores, resíduos e escombros
da imensidade que és
e de alguma forma custa a chegar...
Ouço canto de pássaros e vendo o sol altear
escuto tua voz como se estivesses
e compreendo tua eternidade.

POE 902.601

Bruma

É manhã do dia vinte e seis, pela janela os raios de sol amarelam inebriantes os morros em volta da cidade. Algumas impressões de ontem estão vivas, da noite se esfumaçam como os temores da manhã e o sono confunde as idéias... não consigo dormir a tua saudade, nem ter a paz necessária, nunca soube e somente aprendi em meio a turbulência, talvez seja assim, a paz seja uma utopia inalcançável para os nossos iguais .

Não procuro respostas, deixo que apareçam os fantasmas, sento com eles e trocamos nossas impressões mais antigas, pois são como fantasmas que mal consigo delinear, as desrazões dos fatos, como saber até onde de nossas missões? E estás tão real como o Sol na nova manhã, e terei de lutar pelo direito de poder estar contigo e conquistar do direito de ser em ti e , no entanto, nada há a lamentar que não tenha sido criação de nossa inconsciência.

POE 902 001

E eu que pensava estivesses feliz,
E que terias um porto,
Um companheiro.
Esqueci temporariamente de algumas coisas
Enquanto esperava teus olhos. ,
Culpar-me a felicidade de estar perto
De alguém que amo?
Não!
Culpar por não ter sido maior,
Quando fui exatamente o que eu sou,
Sem mascarar mesmo as faltas menores
E assumindo as maiores?
Culpar por ter permitido que amasses
Um mito ou um sonho?
E como saber que não era a mim que vias
Mas um ideal de nem sei onde?
Culpo sim, mas o não ter percebido
Que nada pode impedir um destino de encontros

POE 901.901

O que desperta a vida
é maior que a dúvida,
tem em si a certeza do ato.
O despertar da vida
fora sempre um parto à humana gente,
como carma e resposta
dos mal vividos dias do passado.
Hoje te encontro em meio às ruínas
sem ser maior que os escombros
de onde venho,
apenas indo.
Querias limites e o ser não tem,
querias respostas?
Responder é apenas mover-se
com a totalidade que se tem e é,
assim sou o que está sendo.
Justificar é estar atrás,
viver é além,
é estender os cordões invisíveis
e bailar como um pássaro
no infinito céu que há no peito.
És mulher por isto mar
E um homem
ou é oceano ou náufrago,
mas o que desperta a vida
é a própria vida...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

POE 901.901

Como seria se não estivesses,
não fosses esta incompleta presença
que traz todas as possibilidades?
Será possível que a liberdade te prenda
e a questão que tenhas
seja medo de que não possas?
Se te prendes ao que pensas
és imensas em teu mar
temendo que eu não seja oceano.
Saiba que se o amor
não me levar a levar-te
me fará navegar nos limites
onde há todas as profundidades,
e se não houver teu mar,
o infinito de tua presença,
haverá uma nova cicatriz no peito
e a certeza de que poderia ter sido,
de que sempre será possível.
Serás plenamente feliz um dia
e eu terei a esperança ao invés da chaga.

POE 892.912

É difícil amar aos poucos,
Então me tens em frações
E quando vens
Sou menos do que seria...
E me culpo pelo que não fui
E sinto que ao saíres
Te culpas pelo que não destes,
E, no entanto, estivemos tão perto
Que quase fomos tudo...
Tropeçamos nossas humanidades,
Os limites,
As convenções e os cuidados
E amamos bem menos
Que o imenso amor que temos...
Que posso pedir ou querer
Além da possibilidade viva
Depois de tanto tempo
De te amar outra vez.

POE 892.912

Sabia que virias,
E esperava sem precisar a hora,
Até que a porta se abriu
Em teu sorriso e gesto de dança,
Leve como o chamado
Que te enviava,
Náufrago desta paixão.
Chegastes lépida,
E não corri ao teu encontro
Como corro agora em busca de teu vulto.
Fiquei imóvel.
Chegastes viva pela saudade
E eu morto de espera.
E ainda agora longe
É como se não tivesses vindo
E recomeçasse outra vez
A agonia da tua ausência...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

POE 892.412

Não te encontraria
E de qualquer modo vim,
Como se encontrando teu lugar
Fosse possível sentir menos
Esta falta...
Não,
Posso preencher o tempo
Com todas as ações e feitos
Mas não posso extinguir
A sensação de tua ausência,
E, no entanto,
É a sensação do ausente
Que caracteriza a presença.
Então agora sei
Que vindo ao teu lugar
Estou contigo.
E sendo eu mesmo em ter saudades
E tudo o mais que é vida,
Em sendo e me tendo
Tenho a ti e a todas as coisas.
Sei que posso ir
Que eu me levando te levo
E enquanto te amo
É a vida inteira que amo
E carrego em mim...

POE 890.511

Porque me fazes cantar
Quando penso teu canto
E fazes sorrir diante das coisas banais que não veria,
E enternecer na entrelinha
Comovido e amigo;
Porque tenho esta vontade
De correr no campo e ser relva, folha
Pássaro e nuvem;
Porque penso nos velhos
E sofro as dores do mundo como nunca,
E acima do pranto
Encontro o renascimento e o ser.
Por tudo isto,
E por sofrer muito mais pelo que podes
E não deixas...
Por esta lástima,
Esta angústia que rasga
E faz sentir a impotência;
Por querer ser ponte
Pela qual encontres teu destino
E possa ver-te seguir, seguindo;
Por saber que um dia serás
E querer repartir este universo como o Sol
Renascido em cada reflexo;
Por saber que tem de ser assim
Cada hora e minuto
Na reconstrução da vida,
Até que não precises mais e pela ausência
Tenha de viver, outra vez,
Entre as dunas e as palmas,
Pela estrela solitária e farol dos imortais,
Marco infinito que olharei nos céus,
Apontando a missão;
Por tudo isto que sei
Trazes mais que me levas,
Descubro, como lei universal,
Atraindo mundos, homens e mulheres
Que amo...

POE 902.008

O maior gesto de amor
Exige desprendimento e coragem
Para aceitar e doar-se,
Toda a extensão à vida,
Pela realização
Pela felicidade,
Pelo direito eterno do ser amado
Existir em si mesmo e por si mesmo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tempos Modernos

Tudo passa a existir ao alcance de todos, a tecnologia do computador elimina as distâncias, modifica a definição de solidão e com isso a condição humana, há uma outra proximidade, uma outra intimidade partilhada, outros conluios, outras cooptações, outras seduções e não sei se há também outras qualidades. Pode-se maximizar o pior de todos como os grandes movimentos políticos e as militâncias nas republiquetas se faz com identificações produzidas, com gostos comuns que não se corrige e se amplia, com ressentimentos que não se depura, se aproveita. Um grande laboratório psicológico ou uma grande sala ambulatorial das esquizofrenias do mundo, mas um avanço, uma possibilidade que saberemos bem depois e que nunca poderá ser freada a não ser por uma grande mudança mundial. A exploração do som enriqueceu o planeta, mas não sabemos em que escala pode ter sido também um agente da vulgarização e da disseminação de elementos que ficaram ocultos e com cor e som o pior é assistível e fica menos pior. É a arte nova da enganação, da montagem nos estúdios, de fazer parecer, de fazer aparecer o que deveria ficar escondido, mas não vira tema de filme, de vídeos domésticos e da comunicação oculta em códigos, acessível entre os pares, mas produzida, do crime pessoal que se transforma em realidade invasiva... Para quem?

O produto industrial confirma o que o começo do XX denunciava, uma mudança na sociedade que passa a ser determinada pelos políticos e pelos economistas, sociedade do controle e de controle oculto atrás de processos aparentes de liberdades concedidas. O Blog é um desafio a mais, de tornar público o que se faz, o que se pensa, e até de uma vigilâncias constante feitas pelos supercomputadores dos sistemas policiais integrados do Ocidente, o outro lado se é que existe outro lado, tenta sustentar sua posição de aparente antagonismo. São as faces da terceira guerra mundial que pode ser percebida pelos competentes e como sempre, despercebida pelos despreparados da educação normal de coisa nenhuma. Para isso foram feitos, andróides sofisticados de uma genética de embusteiros, faz de conta que se é e contos de carochinha feitos por auto-falantes e desfiles de tropas na ilusão do poder nacional, como se existisse humanidade, existem homens afirmava Bismarck e nada se alterou a não ser que são cada vez menos e cada vez mais os servidores sofisticados de uma grande máquina planetária. Matriz é pouco, a realidade supera a ficção. Escrevo sim, porque o silêncio enlouqueceu VanGogh e de tanto ouvir a própria voz corremos o risco de desaprender o mundo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Não há privacidade, nem isolamento

A comunicação em massa somente é possível pelo avanço tecnológico e esse mesmo avanço fará que os recursos da mídia fiquem ao alcance de cada vez mais indivíduos, com que benefícios em termos de qualidade? Servirá aos propósitos de uma educação melhor, de uma formação mais avançada? Como avaliarmos e até criarmos mecanismos de proteção?
Ainda hesito.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O que faço

É complicado escrever quando de alguma forma serenos lidos de uma forma viva, orgânica, tecendo, dentro de uma conjuntura de compartilhamento. É a modernidade à qual resistimos. Escreverei por uma necessidade ou pela curiosidade de uma experimentação nova, em verdade gosto mais de falar, da prosa, do improviso, escrever exige tempo e formas, regras e disposições que a fala dispensa. É um desafio para mentes treinadas no embate das palavras, a elas afeito ou que foram assim educadas. Há anos aceito o perceptivo tanto quando o racional, a percepção tanto quanto o pensamento e nisto reside uma diferença essencial. A palavra não é minha ferramenta original de comunicação, é a ferramenta da expressão de minha percepção e de minha idealização sobre as coisas, não uma análise, mas uma construção dentro de uma atitude. É essa atitude e essa disposição diante dos fatos que entendo ser “eu”.

Não preocupo com resultados, embora cobre o que não fiz, cobre o que não soube fazer e nisto há mais do que imaginava Há alguns anos. Não deu, só isso, muitos gostariam de uma explicação de porque não fui além. Não consegui superar os obstáculos e eles foram maiores do que supunha e a outra verdade é que agi conforme algum fator interno sempre. Não busquei sucesso material embora me faltasse sempre dinheiro, nem procurei uma carreira acadêmica se não tinha exatamente o que fazer e o que fazia era exatamente o que conseguia. Descobri a pedagogia dentro da questão ensino, e uma visão romântica que sempre me acompanhou: Ainda jovem terminava uma formatura de um curso numa faculdade local quando o então dirigente me convida para dar aulas de Literatura Brasileira e até se quisesse Literatura Internacional.
Argumentei que não tinha nem segundo grau, ao que ele contra argumentou que poderia estudar na própria organização e que eles assinariam os documentos necessários, o que precisavam era de que eu aproveitasse o que fazia por identidade, a leitura constante, apaixonada e séria de uma dezena de autores. Comentou na ocasião que isso era raro e que possuía uma condição inata para a oratória e para sintetizar informações. Deixei passar. Talvez por timidez, por não ter com quem compartilhar a dúvida e porque minha paixão interna era a busca... uma busca que se realizou aos poucos e ao mesmo tempo me distanciou de um possível sucesso pessoal em alguma carreira, eu queria saber mais. E pintar.

Hoje percebo o quanto a aceitação da atividade me afastaria de mim mesmo e me faria produto de um sistema, o acadêmico, preso em conceitos, na pressão dos mantenedores, Estado ou instituições e o quando não estava pronto em termos de uma questão crucial a todo o ser humano, lidar com a fama, com as instituições e com ideais ainda não concretizados. Ao mesmo tempo, quase na mesma época desenhava e fora informalmente convidado a ir para São Paulo das aulas junto com um quase amigo, quase isso ou aquilo e que possuía uma habilidade incrível com as tintas e não tinha muitas idéias, o Emus, apelido de um Lemos que era um pintor de rua em Porto Alegre e era dos melhores, com o qual compartilhei um ateliê que sustentava com a esperança de que pudesse um dia viver de pintura. Ele conseguiu em termos, mas não sabia dar aulas, eu sim. Aí encontrei uma moça e quando vi estava envolvido em toda a sorte de problemas que eu nem sabia que existiam e gerou todo o tipo de conflitos. No fim estava casado e começava um período dos mais ricos e conturbados de minha vida.

Desperto muitas vezes à noite, ao fim de algum sonho em que estou pintando, isso mesmo pintando, chego a sentir o cheiro e o gosto das tintas, porque cheiro termina sendo gosto. Adolescente pedi ao meu pai que financiasse um curso de desenho, talvez fosse bom, deveria ter pedido um de pintura, achava que o desenho era anterior, sabia pouco na época. Ele respondeu “sabiamente”: Filho meu vai ser advogado, engenheiro ou médico, não me ajudou a chegar nem perto de nenhuma delas, terminei me descobrindo pedagogo, continuei lendo livros de Filosofia que comecei aos dezesseis, e o resto saberão por aqui, não percebi como chegou a essas conclusões, seguisse a primeira e possivelmente já teriam dado cabo de minha existência, fosse engenheiro, seria um a mais a tentar reinventar a roda, como médico repetiria uma vida. Ainda hoje quando lembro de suas palavras pergunto de onde poderia tê-las retirado. Quando conversei com ele, duas semanas atrás, disse-me que queria apenas que eu fosse homem. Bastava me ter dito que eu o deixaria tranqüilo, preferiria que ele houvesse ao menos falado comigo algumas vezes antes de morrer. Percebi que poderia ser um ou outro ou isso em que acabei me transformando...

domingo, 23 de maio de 2010

ARVORE GENNI-HÁ-LÓGICA

Todos os “Esvael” descendem de um mesmo casal, João Lucas Esvael, de cujo pai falarei aqui e da minha sensacional vó Ester Esvael, esta que carregava em si o sangue, filha que era de Joaquim Francisco de Assis Brasil, a herança que meu avô aparentemente não aceitou por seu orgulho, fez falta a todos nós em algum momento da vida, e a eles filhos sempre. Deles saiu meu pai João Acácio Esvael, e meus dois irmãos, Maria Ester e Marco Antônio. Paulo Esvael, casado com a Lourdes e seus três filhos a Ana Maria, João Francisco e Paulo Roberto. Lucas Esvael, o Luquinhas, casado com a tia Eli, cujo filho é um músico conhecido no Sul, e o José, casado com a Vilma. Deles Lucas e Ester, avô que vi poucas vezes e agora quando escrevo posso percebe-lo, seja psiquismo ou imaginação, a meu lado enlaçando-me em ternura e afeto, deixando-me comovido, outra vez que o percebi foi quando do falecimento do Luquinhas e meu pai sofreu muito, eu entendia um pouco melhor a morte e não entendia porque eles, irmãos, não se correspondiam nem se viam. Meu pai era tímido e constrangido com não sei o quê dele mesmo ou da pobreza com que nos criou, prefiro pensar que era simplicidade e foi assim que sempre o vi, poderia ter sido o que quisesse, nunca quis viver mais do que o momento de si mesmo, não havia em seu pensamento a continuidade, que cada um se fizesse por si e pronto. Minha vó andava com ele visitando as filhas no centro do País, de pele amorenada, baixinha, sempre a vi com um coque e um corte que era uma saia, quase sempre preta e uma blusa, quase sempre xadrez, ou contrastando com a saia, à moda francesa. Era muito elegante, sempre tesa e preocupada com as filhas, a vi psiquicamente muitas vezes, e tenho saudades dela sempre, sei que nos amava muito e de alguma forma está aqui a meu lado. Pode já ter nascido, construído outro corpo, mas o espírito daquela vida continua igual, isso eu explico para vocês que não conhecem isso nos meus livros sobre o assunto. Aliás, foram as visões deles minhas primeiras aulas sobre a existência, lágrimas de pura ternura e afeto correm de meus olhos agora, sinto-os a meu lado, lá fora a madrugada termina. Gostariam que a conhecessem todos os seus descendentes. Vou tentar pintá-la um dia desses e solicitar cópias de fotos deles aos que residem em Bagé ou do centro do País, amaria tê-las. Os dois eram de personalidades fortes, as filhas: Clementina, que não teve filhos e era alta e de porte, casada com um Libindo que era professor de braille, entrado em anos, homem de formalismos e etiqueta, que foram para o Rio de Janeiro. A vi uma vez numa visita que nos fez em Porto Alegre onde sempre moramos. Outra filha Francisca, a Chica, cujos filhos, Rute, Vera, Madga (Guida), Leandro Acácio, José Américo e falta alguém... possuem os pendores para o canto e a música dos ancestrais, conservam as habilidades musicais, poéticas e literárias da família, juntamente com a turma da Eunice, João Lucas, Orozimbo. Flor e Eliana, minha irmã pode conhecê-los, mas primos a gente conhece de infância, de folguedos, de conluios, de segredos, de aspirações... Nunca esqueci o jeito de andar do José, com uma boina malandramente colocada na cabeça e que era sensacional, em muitos aspectos.


Era um menino quando visitamos em Bagé, e gostava de desenhar e pintar o que fazia nas sobras de cadernos e algumas folhas, adolescente gastava toda a mesada e o que conseguia com “bicos” comprando livros continuo até hoje papel e tinta. Naquele época foi o começo. O José pegou um banquinho para si e outro para mim, num terceiro colocou uma xícara com água e abrindo os tubos de têmpera, usando sobreposição de cores, numa velocidade incrível pintou a cena da rua e mudou minha vida para sempre e conquistou um respeito e um amor imenso de minha parte e nunca vou entender porque morreu funcionário da Prefeitura de Bagé ao invés de morrer de esquecimernto nas galerias de arte e nas telas que eram seu destino.

O outro cara fantástico destes tios era o Luquinhas, era o melhor desenhista que conheci, se continuasse e se dedicasse à arte do desenho, era dele, e havia nascido com ele, não chegou lá, ficou num escritório de contabilidade porque arte não dava dinheiro pensavam por ele, mas teria vencido no Rio de Janeiro que era para onde deveria ter ido e carregado a Eli a quem amava e o Luquinhas, que seria maior lá do que é aqui, onde ele é bom, mas sabem como é a terra e a dificuldade de um artista daqui vencer no País. O Paulo era de móveis, de madeira, da tornearia, da habilidade com as mãos, o único que ficou marcado pela Grande Guerra, um filho dele teve problemas graves de saúde e era quem herdara a pintura de maneira plena, quando o conheci já estava vitimado e comprometido em sua condição mental, doente pintou até o fim da vida, sem ter condições de avançar além da forma... Todos os netos de alguma forma e seus filhos possuirão habilidades com as artes herdadas seguramente da gênese do velho Acácio Esvael, que também era músico e pais do João Lucas Esvael meu avô e de parte de minha vó, as letras, características dos Assis Brasil.

Orgulho de todos eles, somos todos, a seu jeito nos fizeram. Meu avô era orgulhoso de si e protestante sempre, com uma visão tradicional do mundo, lia muito, mas sem a profundidade que deveria, mas seria quase impossível em Bagé, poderia, meu pai lia também, a mesma literatura e o entendimento do que era letramento para a cultura portuguesa, de Eça de Quiroz, Camilo Castelo Branco e outros de um latinismo romântico, de uma visão de mundo pertencente àquilo que se removeu com os acontecimentos do eixo cultural formado por Paris, Moscou e Berlin após a segunda metade do Séc. XIX. Vejam os autores e os acontecimentos nesses três focos culturais e entenderão o que estou relatando. Meu avô pensava dentro da visão de mundo marcada pelos valores tanto lusitanos, sem o perceber, da moral judaico-cristâ e do protestantismo, embora fosse visivelmente um mulato, letrado a seu modo, era um empreendedor, mas não conseguiu levar adiante sua família, perdendo seus negócios nas guerras internas do Rio Grande do Sul e nas crises econômicas, mas continuou um lutador e um empreendedor, foi o tempo e as situações históricas que o fragilizaram. Discutia com meu pai sempre sobre tudo, sua visão política e sobre religião, e nas duas exacerbavam a ponto de saltarem as “veias” e ruborizarem. Beiravam o descontrole e sempre era assim que terminavam as conversas poucas que tiveram. Lembro de assisti-las no colo de ambos, maior tentava falar com eles e nunca permitiram, surpreendentemente os entendia já na época. Meu pai escutava no rádio as palestras de um jovem prodígio Moacir Costa deAraúlo Lima, que depois foi para a psicologia, jovem médium que falava sobre espiritualidade. Porto Alegre era um dos locais onde a religião explodia em diversas correntes, notadamente o kardecismo e o Umbanda, com Leopoldo Bertiol e outros, homens firmes e defensores de posições e reformas. Vencedores em suas profissões e tendo aderido à causa espírita promoviam a expansão e a discussão entre os diferentes ramos com respostas dos protestantes e dos católicos. Diriam que todos os grupos avançaram e se fortaleceram na cidade e no interior a expansão mais lenta ocorreu igualmente por vias e processos diferentes da capital. Meu avô continuou protestante e meu pai até o fim da vida não conseguia entender o que acontecia com ele e buscava na Bíblia que sempre lia explicações para o fenômeno da mediunidade que lhe aconteceu, com o espiritismo que a maioria dos seus amigos pratica e que acabou por envolvê-lo. As discussões de ambos eram sobre religião e sobre a situação econômica e política, que ambos conheciam pouco, poderiam ter sido o que não foram na vida, pai e filho traçando destinos e trocando companhia e afeto, sabedoria e amizade. Eram duros a seu modo, haviam ficado assim. Nunca recebi de meu pai um abraço e um beijo, fui eu quem o fez e quando o fiz voltou-se de costas para ocultar as lágrimas que desciam de seu rosto. Teria sido assim sua infância?

Meus avós viajavam sempre e foi numa dessas viagens que contraíram, num trem em São Paulo o pênfigo, Fogo Selvagem, terrível doença que afetava o centro do País e os levou à morte, os dois, por conta dos sofrimentos e dos medicamentos, idosos que eram. Perdemos todos.

sábado, 22 de maio de 2010

Oralidade X Escrita

Desde sempre vivo com o produto de minhas idéias, no desenho, na pintura, na escrita de alguns livros básicos que se confundem como de auto-instrução ou com conotação religiosa, mas afirmo que sejam de auto-desenvolvimento, seja pela atividade de orador, palestrante e de ministrar aulas sistematicamente desde 1990, com milhares de horas de aulas e de palestras desde então, numa média mensal em torno de oitocentas horas o que permite por cima algo próximo de dez mil horas em contato constante com um público variável, onde a abordagem eram comentários, ou palestras ou aulas de auto-desenvolvimento. Crer na possibilidade humana, crer que a possibilidade humana é a oportunidade de todos a cada instante, e uma profunda religiosidade insubmissa, pois há uma religiosidade de submissão que é imposta, que a família, a escola e a sociedade impõem.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Preferência

Ao Português como se prescreve prefiro a moda antiga, que o novo lembra modismos ou decisões tomadas em gabinetes kafkanianos e surrealistas de como se governa este País, por decretos, democracia de carochinha, sem parlamento, onde se parla lento, pianíssimo, não um presto. Vou como conseguir... tenho de desengasgar dos pratos que nos fizeram ingerir, o indigesto que não se sabe o gosto, mas se conhece o gasto e o custo. Como governar é um desafio impressionante, pois governamentalidade é Foucault retomando e aprofundando questões que em Nietzsche haviam ficado em suspenso, o como fazer? O mundo fez-se sem as respostas que a primeira necessidade e as que se seguiram foram determinadas pela vida e pelas gentes antes que pelo conhecimento. E ainda por muito tempo tudo pode acontecer antes no mundo real que no mundo das idéias. O mundo supera a fantasia em todos os sentidos. O excesso populacional cobra sua cota a todos, a deseducação tanto tempo cultuada e aliada do poder político compromete o futuro da humanidade hoje e poderá fazer com que não haja amanhã. A chave está na educação, mas em que educação, e de que educação estamos falando?

Sobre os Livros

Os livros, bem os livros continuarão existindo, seja em esboços nunca concluídos, seja naqueles onde a finalização é um fato.

“Teoria e Prática da Mediunidade”, o primeiro surgiu das transcrições de muitas aulas ministradas em cursos de autodesenvolvimento. Também foi neles que a existência da mediunidade se confirmou em toda a sua extensão e colocou por terra uma série de conceitos e afirmações com as quais fora criado, impondo um modelo comportamental. Muito lentamente despertei para uma realidade que teimam em desconsiderar, a da existência de outras formas de inteligência e de manifestações do pensamento. Embora presentes no dia-a-dia de todos educar exige antes um paradigma e outro paradigma ainda não pode ser afirmado por uns poucos quanto menos pela maioria. Assim conheci outras formas de comunicação e de registro que não fossem o pensamento, mas sua educação e o preparo é de uma complexidade que ainda desvendo.

Reconhecida a existência da mediunidade a questão agora é mais grave, como desvincular a mediunidade da prática religiosa? Provavelmente ainda será muito difícil e a necessidade, parodiando Jung, da substituição de um mito por outro faz com que as pessoas continuem precisando da existência simbólica de um Deus, ainda que não tenhamos nenhuma condição de sequer mentalizar uma existência que não seja multidimensional e que no mínimo tenha a ver com milhões de galáxias, um provável infinito e uma provável eternidade.

O segundo livro foi Crescendo com a Mediunidade. Nele o principal objetivo é a tentativa de mostrar alguma coisa do encadeamento das práticas religiosas dos diferentes espiritismos e do que se afirma no esoterismo. As ligações são reais e o benefício de um conhecimento de ambas as realidades é essencial para os médiuns. Afirmar que a mediunidade não tem nada a ver com a religião é também ponto crucial para que se entenda o momento vivido neste início de século e os desafios de tentar compreender um pouco mais da natureza interna e dos fenômenos perceptivos.

Em ambos os livros e será característica de todos os trabalhos, há uma quantidade mínima de exercícios, com sua teoria básica e as vantagens de sua execução. Um terceiro trabalho que logo foi todo adquirido, uma edição limitada de um mil volumes foi uma “Agenda Esotérica”, com trezentos e sessenta e cinco práticas, conforme as situações do dia. Um quarto trabalho está a execução final e é “Instruções Diárias”, surgido da necessidade observada a partir das práticas da “Agenda Esotérica”, procurando ampliar tanto os conceitos como as orientações sobre o que fazer.

Os milhares de histórias que poderiam conter um volume, com explicações, outro com palestras feitas, um sobre o que se assistiu e praticou nesses vinte anos poderia compor o restante deste ciclo inicial, mas terminou ficando restrito à Porto Alegre a algumas pessoas no interior do Estado. Não foram edições maiores porque foram edições do autor. Um contato com a Editora do Pensamento obteve a resposta de que tinham seu programa editorial concluído. Uma outra editora ofereceu 5% do preço de capa na primeira edição, sem comentar participações em futuras edições, nem direitos autorais.
A presente edição depende de negociações em andamento.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Poesia

Comecei como a grande maioria de quem aconteceu escritor pela poesia, numa longa correspondência com a Janete Teresinha Silva Senna e depois por aonde andei. Aos poucos descobri que era um poeta sem a preocupação de que fosse um poeta maior ou um poeta menor, embora conheça a diferença, se é como se pode, e produzi o que me propus. Descobri que a poesia é como filho, para sempre, como paixão, nunca sai de todo, e que nós humanos poderemos ficar viciados em palavras e que ser poeta é de um vício não menos dolorido que qualquer outro.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Comentários

Modismo ou recurso, o século XX foi um período tão rico em aberturas tecnológicas como foi o XIX em termos culturais cujos desdobramentos podem ter resultado nos acontecimentos da primeira metade do século XX e que ainda temos poucos referenciais que permitam uma análise melhor e nem é meu propósito, ainda penso que nos faltam aqueles que são capazes de ler interpretativamente os fatos históricos. A alteração tecnológica é mais um fenômeno da comunicação, é isso que acontece no séc. XX a partir do início de sua segunda metade, o som, a imagem e a associação de tudo isso, primeiro com o cinema depois com a televisão e o computador portátil resolve e resume tudo isso. Como recurso a comunicação não pode ser deixada de lado principalmente por que escrevo, e escrevo não para a aprovação e sim para que se conheça o que fiz e o que faço ainda, para divulgar o que pretendo fazer em todas as áreas.

Observo com reservas os modismos, tudo o que termina na vala comum suprindo as carências permanentes de ser escutado, de auto-afirmação e da possibilidade de partilhar os vícios. Espaço das tribos que ganham identidade e direitos com o desmantelamento da Velha Europa do pós-guerra e ainda somos o produto deste momento histórico. Pensar como niilismo esse período pode ser uma simplificação¸ ainda válida mas cujos elementos de análise pertencem à visão do século onde foi criada, um século cultural, o XX é político, é econômico e é industrial numa escala que a partir do mesmo cada há menos espaço para a produção familiar ou menor. Tudo passa a ser visto numa escala planetária e o blog e as outras produções midiáticas provam isso. A comunicação ultrapassa os limites do pessoal e das necessidades menores para suprir as necessidades de grandes conglomerados de pessoas.